Parece que foi ontem: em 2012 quando a Vera Loca completou dez anos, tive a felicidade de produzir o projeto que gerou a gravação do DVD “Ao Vivo”, um clássico que permanece até hoje em cartaz. Ou melhor, em catálogo. Um trabalho desenvolvido a várias mãos, com gente de talento, a saber: Amarello Rodrigues e Luisa Copetti dirigindo, Felipe Rosa na fotografia, Ray-Z na produção musical, André Domingues na luz, Mateus Borges na captação do áudio e mixagem, e mais uma porção de veraloqüistas dedicados nas câmeras, edição e montagem.
A resenha de Fernando Júnior para a Revista “Rock on Stage” (março de 2014) traduz bem o tom do resultado alcançado por esta galera toda:
“é um DVD que coroa com brilhantismo os 10 anos de carreira desta banda independente gaúcha. As gravações captaram muito bem a pulsação da Vera Loca no palco em ótimas imagens e de seu acalorado público, que eles conduziram à um êxtase com facilidade. Se você nunca ouviu falar deles, este “Ao Vivo” é uma excelente oportunidade para conhecer mais uma bela banda do sul do país” (Nota: 9.5).
Resumir os quatro primeiros discos em uma coletânea com o The Best da Vera Loca serviu para pavimentar os anos seguintes, reforçados pela chegada do acústico de 2014 gravado no Theatro São Pedro e do disco de estúdio em 2017 (“A Certeza de Como Valeu Navegar Nesse Mar”), todos lançados pelo selo Ímã Records da produtora Lado Inverso. Foi perceptível para quem viveu alguns segundos em Porto Alegre nos anos de 2013 e 2014 que a Vera Loca vivenciou seu turning point. Foram momentos decisivos que acionaram uma virada de chave na carreira do quinteto. E como a estrada é invariavelmente sinônimo dos alcances propiciados pela visibilidade de uma banda e seus hits, a média de quarenta shows por ano sinalizou uma longa vida para estes cinco caras que aportaram em Porto Alegre em 2001, unidos pela paixão ao rock. Ao ouvir os quatro primeiros discos em sequência no final de 2011, percebi que um grande disco ao vivo estava a caminho. A alternativa do acústico em 2014 também cumpriu com êxito a criação de uma estrada vicinal que o grupo aproveitaria com maestria.
De 2013 a 2018, quando a banda apertou na tecla “pause”, foram exatos 238 shows que contribuíram para a construção da imagem e marca do grupo, com direito a uma vera virada no início deste caminho. Se o “Ao Vivo” não é seu DVD de cabeceira, tudo bem, convém deixar sempre visível numa prateleira. Se o “Acústico” de 2014 nunca lhe chamou a atenção, vale uma spotifada para apreciar a crueza ríspida se transformar no peso de um algodão. A porção blues da Vera está ali, intacta. Visite também o “A Certeza”, com suas belas canções emolduradas pela performance de quem toca de ouvido e aproveite para lembrar do estribilho de “Amanhã Pode Ser Bem Melhor”.
Pois não é que esta tal de Vera Loca chegou aos vinte? Ficamos felizes, como produtora e selo, por termos contribuído com um tantinho de quase seis anos na jornada destes caras. Eles merecem todo reconhecimento e sorte do mundo, e não é só pelo talento, mas pela ousadia e as mais sinceras doses de autenticidade. Feliz cumpleaños, Vera!
*por Antonio Meira
**Fotos por Nando Pontin, Francielle Caetano, Cristine Rochol, Antonio Meita, Bárbara Sudbrack, João Arnhold e Fernanda Cardozo